terça-feira, 4 de novembro de 2014

A PRESIDENTE OU A PRESIDENTA?

A (falsa) polêmica é antiga, como antiga também é a forma presidenta na língua portuguesa. Leiam o texto abaixo, que fez parte da prova para professor docente do Governo do Estado do RJ, em 2009, portanto dois anos antes da eleição de Dilma Roussef, atual presidenta do Brasil.




COLÉGIO PEDRO II – MEC Exame de Seleção e Classificação à 1ª Série do Ensino Médio Regular – 2011






sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Não esqueçam, Brasil é com 's' O GLOBO I Sexta·feira 31.8.2012
CLAUDIO CEZAR HENRIQUES
(1º§) Acabaram as Olimpíadas, mas a capital inglesa continua a saga esportiva. Iniciados em Roma-1960 e desde Seul-1988 chamados Paralympic Games, os Jogos que sempre chamamos de Paraolimpícos aparecem este ano com a nomenclatura do inglês. Para atender a um pedido do comitê organizador, agora escrevemos essa palavra sem O: Paralimpíadas ...
(2º§) O português não é o inglês, e a nova palavra gera estranheza a nossos ouvidos e olhos. Afinal, não há razão técnica que explique o sumiço do O e a manutenção do A. Nesses casos, quando nossa língua pratica a redução de um hiato, quem cai é a primeira vogal: "de-onde" não vira "dende" (vira donde) e "para-o céu" não vira "pra céu" (vira pro céu). Não precisava, mas, se era para cortar uma vogal no nome do evento, o esperado era que fosse Parolimpíadas.
(3º§) Eis aí uma lógica invertida, que ganha espaço no noticiário. Será que seremos levados a anglicizar a sigla do CPI, Comitê Paralímpico Internacional, passando a escrever IPC, International Paralympic Committee? Claro que não. A ONU não vai virar UN nem a Otan vai virar Nato do inglês. Sabemos que na língua tudo tem a ver com o uso vigente à época de sua criação ou difusão, inclusive as siglas: no Brasil podemos falar em OVNI, mas talvez a moda seja dizer UFO, o que explica a opção por Aids em terras brasucas - Sida só em Portugal.
(4º§) E por falar em terras brasucas (assim escritas porque são brasileiras) acaba de surgir um concurso de palavras, promovido por empresa multinacional, que é capaz de gerar desconfianças sobre nossas identidades brasucas. O nome oficial da bola da Copa do Mundo de 2014 pode ser brazuca, com Z.
(5º§) Ah, é só o nome da bola, ninguém deve ligar para isso. Claro que é só o nome da bola, mas cabe perguntar: por que o nome proposto para a bola da Copa no Brasil tem de ser brazuca, com Z? Se a Copa fosse em Portugal, a bola poderia ter o nome de portuga; se fosse em Moçambíque, poderia ser moçambicuda ... No Brasil, só poderia ser brasuca!
(6º§) Estamos ou não diante de um paradoxo? Escrever brazuca porque Brasil em inglês é Brazil faz lembrar a letra da canção de Rita Lee, que diz: "Vê se não esquece, meu Brasil é com S" (e nossa brasuca também, claro).
(7º§) Dos bancos escolares aos magros resultados obtidos por nossos estudantes nas provas de português do Enem, muita coisa ainda cheira a paternalismo por aqui. A ortografia não é só uma superfície comercial para o nome de um evento ou de um produto a ser explorado pela máquina do mercado. O modo de escrever palavras novas internacionalizadas revela alguma coisa sobre um povo, entre elas a maneira como esse povo "veste" sua língua (a ortografia é apenas uma vestimenta para as palavras).
(8º§) Resta saber se vai adiantar dizer agora que as grafias "paraolímpíadas" e "brasuca" estão assim registradas no Vocabulário Ortográfico da ABL e que todas essas coisas têm a ver umas com as outras ...
Claudio Cezar Henriques é professor de Língua Portuguesa da Universidade do Estado do Rio de Ianeiro