Quando manipulamos a linguagem em busca de uma maior expressividade, utilizamos figuras de linguagem. Por meio dessas figuras altera-se a significação habitual das palavras que passam a ser entendidas num sentido conotativo e não mais no seu sentido denotativo. Estudaremos aqui as principais: comparação (ou símile), metáfora, antítese, paradoxo (ou oxímoro), hipérbole, prosopopeia (ou personificação) e eufemismo.
Comparação ou Símile
A comparação consiste na aproximação entre dois objetos por meio de uma característica semelhante entre eles, dando a um as características do outro. Difere da metáfora porque possui, obrigatoriamente, termos comparativos. Em suma, é uma comparação explícita. Exemplo:Neste exemplo vemos o principal definidor de uma comparação: a palavra como traz explicitamente a ideia de que o tempo é valoroso como o dinheiro.Tempo é como dinheiro.
Observe o quadrinho:
Metáfora
A metáfora é um tipo de comparação, mas sem os termos comparativos (tal como, como, são como, tanto quanto, etc). Na metáfora, a comparação entre dois elementos está implícita, trazendo uma relação de semelhança entre eles. Exemplo:Percebemos neste exemplo a relação implícita, onde o tempo é tão valoroso quanto o dinheiro, por isso ele é colocado como semelhante à moeda.Tempo é dinheiro.
Observe as metáforas na tirinha:
Antítese
A antítese consiste no uso de palavras, expressões ou ideias que se opõem. Exemplo:Soneto da SeparaçãoDe repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
Vinícius de Moraes
Observe a manchete construída a partir do par de palavras opostas inferno x céu:
Paradoxo (ou Oximoro)
Paradoxo é a presença de elementos que se anulam numa frase, trazendo à tona uma situação que foge da lógica. Exemplo:Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
Luís de Camões
Observe a tirinha do Garfield abaixo. Qual seria o paradoxo/oxímoro a que se refere ele? Como Garfield odeia as segundas-feiras, para ele há uma contradição lógica entre o sentimento "feliz" e a segunda-feira.
Metonímia
Leia o poema “A laçada”, de Oswald de Andrade.“O Bento caiu como um touroNo terceiro verso, o eu lírico, em vez de empregar a palavra “carro” preferiu utilizar “Chevrolé”, mantendo entre elas uma relação de inter-dependência, já que “Chevrolé” é uma marca de carro. Temos assim a metonímia, uma figura de linguagem que consiste em usar uma palavra no lugar de outra, mantendo uma relação de implicação mútua, nesse caso, a substituição do produto pela marca.
No terreiro
E o médico veio de Chevrolé
Trazendo o prognóstico
E toda a minha infância nos olhos”.
Observe este outro exemplo de metonímia:
“Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda os estudos de Czerny”. (Murilo Mendes)Nesse caso, uma relação de causa-efeito permitiu que o poeta usasse a palavra Chopin (compositor de uma partitura musical) para designar a própria partitura (a obra “causada” pelo autor).
A metonímia ocorre quando empregamos:
- O efeito pela causa ou vice-versa: “Conseguiu sucesso com determinação e suor” (trabalho).
- O nome do autor pela obra: “Ler Guimarães Rosa é um projeto desafiador” (a obra).
- O continente (o que está fora) pelo conteúdo (o que está dentro): “Bebeu só dois copos e já saiu cambaleando” (a bebida).
- O substantivo concreto pelo abstrato: “Tratava-se de um papo cabeça” (intelectual)
- O abstrato pelo concreto: “Era difícil resistir aos encantos daquela doçura” (pessoa meiga, agradável).
- A marca pelo produto: “Comprei uma caixa de Gilette” (lâmina de barbear).
- O instrumento pela pessoa: “Quantos quilos ela come por dia?
Quilos? Não sei, mas ela é boa de garfo” (o instrumento utilizado para comer). (Luiz Vilela) - O lugar pelo produto: “Queria tomar um Porto fervido com maçãs” (o vinho).
- O sinal pela coisa significada: “O trono inglês está abalado pelas recentes revelações sobre a família real” (o governo exercido pela monarquia).
- O singular pelo plural: “O brasileiro tenta encontrar uma saída para suportar a crise” (um indivíduo por todos).
- A parte pelo todo: “Enormes chaminés dominam os bairros fabris da cidade inglesa”. (fábricas)
- A classe pelo indivíduo: “Depois desse episódio, não acredito mais no Juizado brasileiro” (os juízes).
- A matéria pelo objeto: “O jantar foi servido à base de porcelanas e cristais” (matéria de que é feito o objeto).
Hipérbole
Esta figura de linguagem consiste no emprego de palavras que expressam uma ideia de exagero de forma intencional. Exemplo:Ela chorou rios de lágrimas.
Prosopopeia (ou Personificação)
A prosopopeia, também chamada personificação, consiste na atribuição de características humanas, como sentimentos, linguagem humana e ações do homem, a coisas não-humanas. Exemplo:Congresso Internacional do MedoNeste exemplo, o medo, uma sensação, é transformado em pai e companheiro, algo que só é atribuído a um ser humano.
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.
Carlos Drummond de Andrade
Eufemismo
O eufemismo ocorre quando utilizamos palavras ou expressões que atenuam e substituem outras que produzem um efeito desagradável e chocante. Exemplos:- Faltei com a verdade ao dizer que fui à igreja.
- Menti ao dizer que fui à igreja.
Observe a tirinha abaixo:
O diálogo entre os dois personagens começa com ofensas mas, com a ameaça de processo, o ofensor vai mudando o tom, empregando eufemismos e suavizando as acusações.
EXERCÍCIOS
Coloque:
(1)
Comparação; (3) Antítese; (5) Metonímia; (7)
Prosopopeia;
(2)
Metáfora; (4) Paradoxo; (6) Hipérbole; (8)
Eufemismo.
- ( ) "...dão um jeito de mudar o mínimo para continuar mandando o máximo"
- ( ) "O pavão é um arco-íris de plumas"
- ( ) "...o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja"
- ( ) "Um dia hei de ir embora / Adormecer no derradeiro sono."
- ( ) "A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.”
- ( ) "O bonde passa cheio de pernas."
- ( ) "É como mergulhar num rio e não se molhar."
- ( ) “No tempo de meu Pai, sob estes galhos,/Como uma vela fúnebre de cera,/Chorei bilhões de vezes com a canseira / De inexorabilíssimos trabalhos!”
- ( ) “Quando a Indesejada das gentes chegar / (Não sei se dura ou caroável) /Talvez eu tenha medo. / Talvez sorria, ou diga: / - Alô, iniludível!”
- ( ) Eles morreram de rir daquela cena
- ( ) Aqueles olhos eram como dois faróis acesos.
- ( ) Às sete horas da manhã, a rua acordava.
- ( ) Aquelas crianças que choravam rios de lágrimas.
- ( ) Não tenho mais Maizena em casa.
- ( ) “A explosiva descoberta / Ainda me atordoa./ Estou cego e vejo./Arranco os olhos e vejo”.
- ( ) "O meu amor, paralisado, pula."
Gabarito:
a) 3
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e) 7
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i) 8
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m) 6
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b) 2
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f) 5
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j) 6
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n) 5
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c) 7
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g) 4
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k) 1
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o) 4
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d) 8
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h) 6
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l) 7
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p) 7 e 4
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ResponderExcluirMuito obrigada!!! Ajudou bastante ^^
ResponderExcluirAjudou muitooooo!!!!!!! Obrigada! 😬👍
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ResponderExcluirObrigado Ajudou Bastante!
ResponderExcluirAgua Mineral... Agua Mineral...Agua Mineral...
ResponderExcluirObrigado Ajudou Bastante!
ResponderExcluirMuito Bom!!!!
ResponderExcluirMuito Bom!!!!
ResponderExcluirGOSTEI MUITO DESTE EXERCÍCIOS. CONTINUEM ELABORANDO COM OUTRAS REGRAS GRAMATICAIS
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ResponderExcluirBoa noite,professor Alexandre,necessito com urgência as respostas dos exercícios,grata.Claudia
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ResponderExcluirCaramba estes exercícios são ótimos muito obrigado Autor .
ResponderExcluirmuito bom
ResponderExcluirE muinto bom
ResponderExcluirbons exercícios agora esse gabarito ta foda viu
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